Panda Filmes alavanca coprodução audiovisual no RS

1 de fevereiro de 2013

A matéria  produzida pelo Jornal do Comércio apresenta uma breve retrospectiva sobre o cenário da coprodução audiovisual no RS, colocando a Panda Filmes como uma das produtoras que mais se inseriu nesse mercado. Até hoje, já foram realizados onze acordos de coprodução internacional, sendo os dois últimos referentes aos filmes O Tempo e o Vento, de Jayme Monjardin e A Oeste do Fim do Mundo, de Paulo Nascimento.

“Enquanto a Europa adota há anos uma cultura consolidada de coprodução audiovisual, o Brasil, apenas nos últimos dois anos, aproximadamente, vem investindo em tal modelo. “Teve um época em que o Brasil coproduziu mais, no final dos anos 1989 e início dos 1990. Aí veio o fim da Embrafilme, o País não cumpriu diversos acordos e isso pegou muito mal lá fora”, explica o diretor gaúcho Henrique de Freitas Lima.

Foi ele, inclusive, que dirigiu uma das primeiras coproduções do Rio Grande do Sul, Lua de outubro (1997), com participações da Argentina e do Uruguai. “Era e segue sendo complicado (a coprodução). A primeira dificuldade é ter um roteiro que interesse o público dos países envolvidos”, além da burocracia, destaca. “Aqui (no Estado), nós temos uma afinidade muito grande com o Uruguai e Argentina, mas, na prática, o Mercosul é uma fantasia, a gente sente isso no livre trânsito de materiais e de pessoas. Sempre há um entrave”, lamenta o diretor, que também mantém um escritório que presta consultoria especializada na área da cultura, além da produtora Pampeana.

Hoje, o Brasil mantém acordo bilateral com Alemanha, Argentina, Canadá, Chile, Espanha, França, Índia, Itália, Portugal e Venezuela.  Há também acordos multilaterais que envolvem o Convênio de Integração Cinematográfica Ibero-Americana e o Acordo Latino Americano (Argentina, Cuba, México, Panamá, Venezuela, Colômbia, Equador, Nicarágua, Peru e República Dominicana). Além disso, existem os protocolos de cooperação entre a Ancine e outros órgãos, como Incaa (Argentina), Galícia, Icau (Uruguai) e Portugal.

Aqui no Rio Grande do Sul, a coprodução engatinha. Há, no entanto, iniciativas que tentam alavancar este tipo de parceria como a Panda Filmes, que já coproduziu com Uruguai, Argentina e Espanha onze longas-metragens. Entre eles, Reus (2009, Brasil/Uruguai) e A velha dos fundos (2010, Brasil/Argentina).

O diretor-geral, Beto Rodrigues, conta que, ao retornar de sua pós-graduação em cinema na Espanha, em 1996, foi fortemente marcado pela cultura da coprodução. “Praticamente nenhum filme importante se fazia, e faz, na Europa sem buscar recurso em outros países.”

Apesar de o aporte financeiro ser importante para a coprodução, ele lembra que não é apenas isso que contribui para a obra. “Outra vantagem está no terreno da estética, do artístico, o estranhamento cultural, a possibilidade de tu dares um ar mais universal e cosmopolita e, consequentemente, te abrir outras portas de mercado e não aquele filme exclusivamente focado numa acontecimento local”.

Além disso, Rodrigues ressalta que o coprodutor estrangeiro se emprenha em batalhar pelo lançamento e divulgação do filme no exterior. Uma das formas de impulsionar a coprodução no Rio Grande do Sul foi firmar um convênio entre o Estado e o Uruguai, assinado em 2011, que prevê intercâmbio, mostras e coproduções entre os países vizinhos.

Apesar dos acordos no setor audiovisual firmados entre Rio Grande do Sul e Uruguai estimularem o interesse de realizadores de ambos os países, o Estado não conta com uma entidade que concentre tais solicitações. Hoje, em um primeiro momento, os realizadores estrangeiros costumam entrar em contato com o Iecine (Instituto Estadual de Cinema) e este encaminha o pedido aos presidentes do Siav (Sindicato da Indústria Audiovisual/RS), da Fundacine e da APTC (Associação Profissional de Técnicos Cinematográficos/RS). “Desta forma, tento viabilizar e enviar estes pedidos aos presidentes de entidades de cinema do Estado para que eles informarem seus associados”, explica o diretor do Iecine, Luiz Alberto Cassol.

Um jeito gaúcho de agir

O trajeto descrito no texto acima, contudo, deve ser encurtado. Desde o final de 2012, o Iecine enviou um formulário aos realizadores gaúchos solicitando informações a respeito de quantas produções já haviam realizado (longas, curtas, ficção, documentário) e a quantidade de profissionais empregados.

O objetivo é centralizar informação para filmagens realizadas no Rio Grande do Sul, o que auxiliará na criação da Film comission RS. Um grupo de trabalho já foi definido. Assim que o local for definido, a film comission terá condições de fazer um mapeamento dos profissionais que atuam no Estado.

“Isso sim, na prática, irá facilitar muito a coprodução. Nós temos alguns escritórios municipais em Bento Gonçalves, Bagé e Pelotas. No entanto, de concreto, não tínhamos uma que representasse o Estado”, comemora Cassol, que esclarece que o escritório será voltado para o audiovisual autoral”.

Fonte: http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=114291

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